AUTO BRASIL: Endividamento e desemprego ameaçam vendas

Mesmo com a redução da taxa Selic para 2% ao ano - a menor da história - e a melhoria nas condições de financiamento, a compra do automóvel ainda é um desejo que uma pequena parcela da população brasileira pode realizar.

A oferta de emprego vem caindo na pandemia, segundo estatísticas do IBGE. A taxa de desemprego passou de 13,8% para 14,1% em setembro. O endividamento das famílias brasileiras segue bastante alto. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional), a inadimplência das famílias caiu em setembro, pela primeira vez durante a pandemia, no entanto, a taxa ainda está acima da registrada, no mesmo período do ano passado.

As dívidas em setembro comprometeram 67,2% das famílias – uma redução de 0,3 ponto percentual em relação ao mês anterior, quando foi registrado o maior nível de endividados em 2020 (67,5%). Esses números podem explicar em parte por que a Anfavea reviu as projeções para 2020 com ressalvas, apesar de setembro ter registrado o melhor desempenho do ano. O cenário ainda é instável, com nível alto de risco para os consumidores, no que se refere a saúde e as finanças.

A produção estimada para o fim do ano é de 1,915 milhão de unidades, queda de 35% em relação a 2019 - pior ano desde 2003. A expectativa da Anfavea para o mercado interno de autoveículos novos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) é de 1,92 milhão de unidades licenciadas no ano, queda de 31%, o pior resultado desde 2005. Em junho, a estimativa da entidade era de retração de 40%.

Não por acaso as marcas premium têm melhor performance de vendas. O Brasil segue ampliando a sua concentração de renda na pandemia. E nem precisa ser economista para supor que a compra o carro zero será para uma parcela bem pequena de consumidores.

As vendas de carros usados no Brasil registraram crescimento positivo de 10,5% em setembro, na comparação com o mês de agosto. A Fenauto, que representa as revendas, divulgou que o comparativo dos carros vendidos em setembro 2020, com o mesmo período de 2019, teve avanço de 12,2%. O menor custo explica essa performance.

*Texto da coluna Auto Brasil, publicada todas as quartas-feiras, no caderno A Tarde Autos, do jornal A Tarde, da qual a jornalista Núbia Cristina é editora.
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