Setores do comércio, turismo e serviços em momento de apreensão



Por Núbia Cristina*
O comércio varejista da Bahia encerrou 2020 com uma queda de 6,7% nas vendas e R$ 102,5 bilhões de faturamento. A pandemia de Covid-19 foi responsável pelo pior desempenho anual desde 2011. As projeções para 2021 estão permeadas por incerteza e apreensão, provocadas pelo agravamento da crise sanitária. As novas restrições às atividades econômicas, para conter o avanço da Covid-19, aumentam a instabilidade e agravam a crise.
 
“Há incertezas sobre nova rodada do auxílio emergencial: a proposta de quatro parcelas de R$ 250, para 30 milhões de beneficiários e inscritos no Bolsa Família”, sinalizou Izis Ferreira, economista da ‎Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O custo total com o auxílio deve chegar a R$ 32 bilhões, uma despesa extra para os cofres públicos neste ano fiscal.
 
“O agravamento da pandemia e o atraso na vacinação da população em geral deve inibir a recuperação da atividade econômica no primeiro trimestre (PIB -1,0%)”. A análise foi apresentada ontem, em evento virtual realizado pela Fecomércio-BA.
 
A economista da CNC alertou para um problema que afeta vários segmentos: “Os preços de commodities importantes para a atividade produtiva seguem subindo, mesmo com a taxa de câmbio mais estável em 2021. IPA/FGV acumula alta de 75,2% em 12m”. A alta do câmbio segue pressionando os preços das matérias-primas, combustíveis, energia. Apontando aumento de inflação nos próximos meses.

Acesso a crédito

O presidente da Fecomércio-BA, Carlos Andrade (foto), alertou para a importância de descentralizar recursos e facilitar o acesso a crédito para o setor produtivo, em especial pequenas e médias empresas.
 
“Essa é uma medida emergencial, ainda mais agora com o agravamento da pandemia. É preciso, inclusive, ampliar o microcrédito para os microempreendedores individuais (MEIs)”, disse.
 
O número de MEIs bateu recorde no Brasil em 2020. Segundo dados do Portal do Empreendedor, foram quase 2 milhões de novos registros - o maior número desde 2009, quando entrou em vigor a lei regularizando a categoria.

Com isso, o país alcançou um total de 11,3 milhões de MEIs ativos, 20% a mais do que no fim de 2019, quando o segmento tinha 9,4 milhões de registros. De acordo com o Sebrae, um terço das formalizações é de pessoas que começaram a empreender por necessidade.
 
Serviço e turismo
 
As restrições ao fluxo de pessoas, impostas para conter o avanço da Covid-19, fez de 2020 o pior ano para o setor de serviços; e turismo teve queda anual ainda mais intensa. O volume da receita dos serviços prestados às famílias caiu 30%, na comparação com o período antes da pandemia.

Alimentação e alojamento, além de transporte aéreo, foram os subsegmentos com quedas mais expressivas no ano passado (-36,8% e -36,95 respectivamente).
Turismo acumula perdas de R$ 274 bilhões em onze meses, R$ 261 bi em 2020, e R$ 13 bilhões em janeiro. Os preços dos serviços estão em queda, com menor demanda, mesmo com IPCA maior.

*Núbia Cristina é jornalista e diretora do Bate-Papo Empresarial
Núbia Cristina, 26.FEVEREIRO.2021 | Postado em Notícias
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