Educaê leva Comunicação Não Violenta às escolas públicas e fortalece vínculos entre alunos, professores e famílias
Ao inserir a Comunicação Não Violenta (CNV) como prática pedagógica e socioemocional nas escolas da rede municipal, o Programa Educaê – Juntos por uma Nova Educação, executado pelo Instituto de Saúde e Educação do Nordeste (ISEN), vem colhendo resultados significativos em Coração de Maria, a 111 km de Salvador. A iniciativa, que é uma parceria com a prefeitura municipal, tem transformado a forma como alunos, professores, gestores e famílias se relacionam, criando um ambiente mais acolhedor, cooperativo e saudável.
Segundo a psicóloga Clafylla Luiza, que conduz as atividades do programa, a CNV não deve ser entendida apenas como uma técnica, mas como uma mudança de atitude diante das relações humanas. Para ela, trazer esse debate e sua aplicação prática para o ambiente escolar contribui diretamente para a prevenção e resolução de conflitos, ao incentivar a expressão clara e respeitosa dos sentimentos e necessidades. A prática também fortalece os vínculos entre alunos e professores, estimula a escuta ativa e promove uma cultura de empatia e respeito em toda a comunidade escolar.
A coordenadora Jussara Soares, da Escola Municipal David Mendes Pereira, observa os impactos positivos do programa desde que começou a atuar na Educação Infantil. Ela ressalta que as ações têm sido fundamentais para o desenvolvimento socioemocional de alunos e professores e para a formação continuada dos docentes.
Segundo Jussara, as iniciativas mais recentes abordaram temas como gerenciamento das emoções, prevenção de abuso e combate ao bullying, promovendo maior harmonia, melhor desempenho escolar e saúde mental de todos na escola. Ela reforça ainda que a parceria entre escola, família e comunidade, incentivada pelo Educaê, tem potencializado a aprendizagem integral dos alunos, considerando suas dimensões cognitivas, sociais, físicas e culturais.
“O Programa Educaê reafirma, assim, seu compromisso com a modernização da educação municipal e com a valorização dos profissionais da rede pública, mostrando que investir em saúde mental, empatia e convivência democrática é também investir no futuro da comunidade”, destaca o presidente do Isen, Jubrã Ferreira.
Desafios
Clafylla Luiza destaca que educar para a empatia significa formar não apenas bons estudantes, mas cidadãos mais conscientes, responsáveis e respeitosos. Implementar a CNV, no entanto, exige enfrentar desafios que vão desde a sobrecarga emocional dos educadores até o pouco envolvimento das famílias. “Os professores vivem em contextos de alta demanda emocional, o que torna difícil manter uma escuta empática no dia a dia. Por isso, é fundamental criar espaços de acolhimento para os profissionais, como grupos de apoio emocional e rodas de autocuidado”, explica.
A psicóloga acrescenta que os valores da CNV precisam ser reforçados em casa, para que a criança não receba mensagens contraditórias, e sugere encontros com familiares e pequenas práticas de diálogo para ampliar a adesão.
As escolas que já experimentam a prática relatam melhorias nas relações interpessoais, maior envolvimento dos alunos nas atividades e uma redução perceptível nos conflitos. Para Clafylla, o impacto vai muito além da sala de aula: “Implementar a CNV é um processo que exige comprometimento, formação e paciência, mas os benefícios — como a melhoria das relações, a redução de conflitos e o desenvolvimento socioemocional das crianças — fazem com que o esforço valha a pena”.