A beleza de quebrar o ciclo da violência e reconstruir a autoestima


Por Núbia Cristina

Espelhos, batons, muitas risadas, euforia ao combinar cores e descobrir o tom de base correto. Alegria por compartilhar uma tarde de beleza e ajudar a amiga a ficar mais bonita. A oficina de beleza e maquiagem no Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce foi assim: um toque de afeto e um banho de autoestima, para mulheres que muitas vezes evitam o espelho, porque não querem ver as marcas da violência doméstica, que machuca faces, corpos e almas.
 
Mas a tarde de 28 de agosto de 2018, Dia Nacional do Voluntariado, era dedicada ao auto amor, ao cuidado com a beleza - não apenas aquela que se vê no rosto. A oficina aconteceu no casarão aconchegante e arejado, localizado na Rua Lélis Piedade, 63, no bairro da Ribeira, em Salvador/BA. As mulheres foram chegando pouco a pouco, e tomando seus lugares perto da mesa, onde a maquiagem espalhava cores e brilhos. Os olhos curiosos e os sorrisos deixavam evidente que elas também gostavam de experimentar tons de sombra, batom, cremes e novidades do gênero.

Antes da oficina de maquiagem, eu puxei uma conversa sobre a importância do autocuidado e conduzi uma técnica de respiração consciente, com alguns minutos de meditação. A ideia era mandar embora qualquer tipo de estresse, relaxar e entrar na sintonia do amor, da partilha de afeto e da beleza. Deu certo!

A maquiadora e consultora independente de beleza Mary Kay, Catiusca Santos (por quem eu tenho muita gratidão, por ter aceitado meu convite sem pestanejar, para doar seu tempo, produtos, carinho e fazer acontecer aqueles momentos), fez um sorteio e uma modelo foi selecionada para a transformação. Ela mostrou o passo a passo da maquiagem diva e pediu as alunas que entrarem no clima. Todas podiam fazer auto maquiagem, utilizando os produtos dispostos sobre a mesa e imitando cada etapa da transformação que estava sendo feita por Catiusca na aluna modelo.

Sucesso e experimentação: eufóricas, elas testaram até acertar os tons de base, pó, blush, sombra, batom. A solidariedade correu solta, uma aluna maquiava a outra, dava palpite para melhorar a make da amiga e eu fiz o papel de assistente de Catiusca, ajudando quem não levava tanto jeito com essa coisa de usar pincel para pintar o rosto.
 
“Foi fantástico ver a felicidade delas ao cuidar da pele, ao escolher o que é melhor para elas, o melhor tom, a melhor cor, com suas especificidades”, comentou a coordenadora do Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce, Maria Auxiliadora Alves. “O que me chamou atenção foi ver uma ajudando a outra, eu fiquei emocionada. Isso mostra o quanto elas estão unidas, mesmo em um momento de tanta dor”, destacou. Nós batizamos essa oficina de: “Mulher, vire a página”.

No final da oficina, fotos para registrar o momento diva, um bate-papo para mostrar as oportunidades de emprego e renda que o mercado da beleza oferece, e um lanche gostoso. E eu fiquei com aquela sensação de felicidade, por constatar que o voluntariado tem alguma coisa mágica. O bem-estar é enorme quando a gente partilha nosso carinho, tempo e faz outra pessoa se sentir melhor.

Gratidão à maquiadora Catiusca Santos e ao jornalista Paulo Coutinho - que registrou, com muito carinho, a nossa ação. No início da oficina, as fotos não eram bem-vindas, depois elas se empolgaram tanto que pediam para fazer fotos individuais, e algumas faziam pose de modelo. Agradecimentos à equipe da Casa de Acolhimento. Foi maravilhoso para nós, voluntários. Voltaremos!
 
O Acolhimento
O Centro acolhe mulheres que necessitam de abrigo temporário para se afastar de situações de violência doméstica, familiar e de gênero. E também mulheres vítimas do tráfico de pessoas. Elas podem ficar na instituição por até 15 dias, acompanhadas ou não de filhos de zero a 12 anos. No entanto, a casa não acolhe mulheres que estejam em risco eminente de morte. O acolhimento ocorre em regime de plantão, 24h por dia, entretanto, após as 17h o centro recebe apenas as vítimas de violência encaminhadas pelas Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAMs). 

SERVIÇO
Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce
Endereço: Rua Lélis Piedade, 63, Ribeira (Cidade Baixa), Salvador/BA.
Telefone: (71) 3611-6581.
Núbia Cristina, 01.SETEMBRO.2018 | Postado em Notícias
  • 1
Exibindo 1 de 1

Carregando...